terça-feira, 14 de junho de 2016

Para onde vai


Para onde vai

Debaixo da terra
nutrindo-se das lágrimas
e pedaços de pele arrancados
pelas opressões onipresentes
no presente de tanta gente

Nutrindo-se do sangue
de quem caiu em combate
e de quem morreu sem saber
que era alvo nessa guerra

Nutrindo-se das marcas no chão
que cada passo a frente deixa
e que os dois passos atrás nunca apagam

Nutrindo-se dos papéis amassados
atirados ao chão pelos vencedores
que contam a História
e da saliva que carregou histórias
que não foram pra papel algum

Nutrindo-se das ruínas
do que havia antes
da globalização fincar seus totens
de seu totalitarismo disfarçado
ser enfiado goelas abaixo

Nutrindo-se do que foi arrancado pela raiz
das pedras removidas de sapatos caros
das folhas secas e dos frutos podres
Debaixo da terra
de onde não se enxerga fronteira alguma
ela cresce

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